domingo, 6 de outubro de 2013

#009. Nos arredores de Muro Alto – parte III

Vou resumir neste post os passeios e as experiências que tivemos no 3º, 4º, e 5º dia de passeio, respectivamente terça, quarta e quinta-feira e para começar, vou falar de uma coisa que eu amo: café da manhã!

Na minha humilde opinião, viagem gostosa começa pelo café da manhã. Quando viajo para as cidadezinhas da região, minha primeira expectativa é encontrar um local onde eu possa tomar um café inesquecível....se isto se concretiza, valeu a pena todo o resto da viagem.

Em Pernambuco não ficamos perambulando atrás de padarias, ou cafés pelo simples fato que fazíamos esta refeição no hotel mesmo. Para meu deleite o café era servido com tapiocas de leite condensado e coco! Irresistível a ponto de que apreciar este sabor virou um ritual em todos os dias que estive em Pernambuco.
 
Tapiocas sendo preparadas
Voltando aos roteiros, na segunda-feira quando chegamos da Praia de Carneiro, fomos conhecer a Vila, ou seja, o centrinho que dá acesso à praia de Porto de Galinhas (10 km de Muro Alto). Neste dia, não nos aventuramos em nenhum entretenimento gastronômico – queríamos mesmo era ver as lojinhas e comprar souvenires.

Aqui começa uma experiência ruim do local, muitos vendedores ambulantes oferecendo passeios. Você não consegue andar sem ser abordado por pessoas que querem te vender mergulhos, pacotes turísticos, opções de jantar etc.

Enquanto aguardávamos um taxi, veio um jovem, até que gentil e talentoso para vendas. Ofereceu vários passeios e criticou as práticas de preço dos serviços contratados pelas agências de turismo. Prometeu os mesmos passeios por um valor bem mais econômico do que os pacotes comercializados pela agência receptiva. Concordando com alguns aspectos comentados pelo jovem e com a finalidade de conhecermos os arredores da Praia de Muro Alto, contratamos um passeio de buggy para o dia seguinte.

Nossa sorte foi não ter adquirido outros pacotes, pois quando o taxi chegou, o motorista nos alertou que os passeios comercializados ali não eram tão seguros quanto das agências receptivas e que deveríamos ter cautela. Explicou também que alguns passeios oferecidos pela agência receptiva não fariam sentido devido à maré baixa.
 
Mais uns minutos de conversa e ficou evidente que estávamos sendo lubridiados tanto pelo garoto, quanto pela agência receptiva. (Aqui fica uma lamentação da minha parte para quem faz a gestão do município. A região está longe de ser organizada para acolher o turista. O que você vê é um monte de gente querendo seu dinheiro, sem se preocupar com a sua satisfação e com seu possível retorno à região). Mas ficar estressada não era meu objetivo, então abrimos mão de algumas ofertas, mas resolvemos manter o passeio de buggy.

Contratamos o “bugueiro” para fazer o seguinte percurso: Praia de Muro Alto, Praia de Cupê, Porto de Galinhas, Praia de Maracaípe e Praia do Pontal de Maracaípe. Saímos do hotel às 15h e nossa primeira parada foi na Praia de Muro Alto, compartilhamos o passeio com outro casal que conhecemos na região.

O transporte de buggy não é nada seguro, o carro não tem equipamentos de segurança e o motorista também exagerava na velocidade, mas a beleza do local se destaca e minimiza estas percepções negativas.

A praia de Muro Alto é linda em toda sua extensão, conseguimos avistar várias espécies de peixe em suas ondas, e continuamos nosso trajeto com destino a ir conhecer o berçário de cavalos-marinho que fica em Pontal de Maracaípe.

Como ficar estressado num lugar destes?
O buggy te deixa 40 minutos no local para que você possa encontrar um “jangadeiro” para o transporte nas águas de um “braço de mar” que é abriga um berçário de cavalos-marinhos, bem como um manguezal com diversas espécies de caranguejos.

É um passeio exótico, em águas calmas. O que chama a atenção é o bom humor dos jangadeiros que disputam entre si a localização dos bichinhos. Feito isto, hora de voltar para o hotel. Este passeio de buggy tem umas duas horas de duração, é bem baratinho comparado à outras opções, mas vale a pena fazer pela exoticidade dos caminhos.


Na busca do cavalo marinho

Eu encarando o siri!

Fim da terça-feira. Na quarta-feira tiramos o dia para aproveitar da hospitalidade do hotel. Entre piscina, caminhada e umas caipirinhas de Pitu, descansamos e fotografamos belas fotos.

Renovados, fomos finalmente passar a quinta-feira na Praia de Porto de Galinhas. Fomos cedo e de táxi, pois para conhecer as piscinas naturais é preciso consultar as tábuas das marés, avaliando os melhores horários onde a maré esta baixa a ponto de mergulhar ou simplesmente observar os arrecifes.
 
Praia de Porto de Galinhas e jangadeiros à espera dos passeios para às piscinas naturais
Chegamos ao local e contratamos mais um jangadeiro para nos levar para conhecer as piscinas. A jangada é necessária para evitar que se machuquem os pés, pois as águas são rasas e transparentes, mas o solo é formado por arrecifes e abriga fauna marinha.

Enquanto a jangada vai sendo levada, é possível ver vários peixinhos passando embaixo da embarcação. A sensação é que estamos navegando dentro de um aquário. Uns 15 minutos neste trajeto e a população de peixes aumenta. Hora de descer – chegamos numa piscina natural, onde é possível mergulhar junto com os peixes.
 
Bem acomodados na jangada
Neste passeio é indispensável levar máquina fotográfica e chinelo. Vá preparado para se divertir, pois tudo é encantador. Os jangadeiros por sua vez merecem ser reconhecidos, são pessoas hospitaleiras que acolhem muito bem os turistas e cobram um preço justo por seus serviços.
 
E vamos dar comida aos peixes!
Muitos peixes!!!
 
Depois deste passeio inesquecível resolvemos passar o dia na praia de Porto. Ao contrário de outros lugares, a intervenção de ambulantes é exagerada. Primeiro você precisa alugar seu espaço na praia – ou seja – paga-se por ter direito a uma cadeira para desfrutar da sombra e o pior é que mais uma vez te cobram por serviços não inclusos – como exemplo toaletes.
 
Vista da Praia do ponto de vista das piscinas naturais
 
Ao se acomodar nas cadeiras, prepare-se para o mar sem fim de gente que irá abordá-lo na expectativa de vender lhe algum produto: são ofertas de comidas típicas, artesanato, repentistas, crianças pintando azulejos, fotógrafos etc... Chega uma hora que a paciência se finda, mas é como eu costumo dizer – precisa viver para ter história para contar!




Nem as crianças escapam do comércio ambulante
 
 

#008 Nordeste – Praia de Carneiros - parte II

De todos os lugares que conhecemos em Pernambuco o que mais retratou as belezas do Nordeste foi à praia de Carneiros. Se você for à Porto de Galinhas e não se programar para ir neste paraíso, se lamentará para o resto da vida.

Fomos conhecer o local em plena segunda-feira. Talvez tenha sido a segunda-feira mais linda da minha vida. A Praia de Carneiros fica em Tamandaré. Está a 113 km de Recife e uns 80 km de Porto de Galinhas. Adquirimos o passeio com a Lucky Receptivo que organiza os  pacotes turísticos.

Pensa em uma praia com areia branca, mar azul turquesa, uma linda orla de coqueiros ... e soma-se a isto águas tranqüilas e quentinhas (isto é um ponto forte do local, pois já tive oportunidade de conhecer algumas praias de Santa Catarina, mas não consegui ficar na água – acho que as correntes marítimas vinham da Patagônia – risos)!
 
Primeira visão da Praia de Carneiros


Passeio de charretes para as crianças - até o bichinho se protege do sol!

O melhor desta praia é que fica longe da especulação comercial dos ambulantes. No tempo em que ficamos ali apenas, um vendedor veio nos oferecer “colares com pedras preciosas”. O mais engraçado é que ele chegou falando em inglês (inglês com sotaque nordestino) e depois desculpou-se achando que éramos gringos... deve ser porque era o primeiro dia expostos ao sol e nossa cor ainda revelava um “bronzeado apático” branco feito leite... tipo Robert Pattison no filme da saga dos vampiros.

Navegamos pelas águas cristalinas de Carneiros por meio de um catamarã (um barco típico da região) e foi para mim um momento inesquecível, talvez o momento que mais pude sentir a cultura nordestina. Dei um jeitinho de sentar na proa do barco, com minha máquina fotográfica e ali tudo que eu olhava era lindo e encantador. Um céu azul refletido nas águas, uma faixa de coqueiro que demarcava toda a extensão da praia e águas cristalinas sendo cortadas pelo catamarã. Uma brisa gostosa aliviava o sol quente e músicas típicas eram tocadas, intensificando a energia boa daquele paraíso (a música que ouvia era de um cantor regional chamado Santana e a canção era Meu Cenário).
 
Orla de Carneiros!
 
Depois de um tempo na proa, precisei de sombra!

Passamos também pela igrejinha de São Benedito que foi construída no século XVIII. O nome Carneiros, segundo os guias turísticos é devido ao fato que o local era propriedade privada de uma família da região que tinha o sobrenome Carneiros. Segundo o que li por ai, a igreja continua sendo de propriedade particular e tem gente que chega a pagar R$ 12.000,00 para casar neste lugar inusitado. Se eu morasse por ali acho que iria com mais freqüência às missas, pois os degraus da igreja são a todo momento tocados pelas ondas do mar.
 
Igrejinha do século XVIII - R$ 12.000,00 para casar neste santuário!
 
Próximo ainda à igreja de São Benedito observamos no morro de Tamandaré um monumento que simboliza um momento histórico de 1654, onde travou-se a maior batalha entre portugueses e holandeses.
 

Morro de Tamandaré - monumento comemorativo da batalha de 1654 entre portugueses e holandeses

 
Outro atrativo natural são os poços de argila. No passeio de catamarã há parada obrigatória para quem quer comprovar os efeitos medicinais da lama que promete rejuvenescer a pele.
 
Poços de argila - promete rejuvenescer a pele: novas pernas - por favor!
 

Na praia de Carneiros ficamos na pousada que leva o mesmo nome e que também abriga o restaurante Arikindá. O melhor prato que comemos no nordeste foi nesta ocasião: um peixe grelhado, com arroz branco e uma salada que além dos ingredientes triviais trazia também pimentões amarelos e vermelhos... uma delícia!
 
Rico fugindo do sol no Restaurante Arikindá!
 
Comparando com os demais passeios, Carneiros tem a vantagem de ser um local longe da intervenção urbana, com paisagem que inclui até bancos de areia no alto mar. Lamentei por não ter ido ao lado leste da praia para conhecer as piscinas naturais, mas quem sabe isto um dia não será motivo para voltar!
 
 
 
 
Segunda-feira linda com trânsito!
 
Se quiser entrar na atmosfera do cenário de Pernambuco ouça a canção abaixo:
 
 
Está ai um lugar para você conhecer antes de morrer!