domingo, 4 de maio de 2014

#010. Só sei que nada sei...


Um dos motivos que me estimulam a escrever no blog, é a possibilidade de resgatar memórias afetivas da minha infância. Antes de descrever que retornei à sala de aula em mais um desafio acadêmico, quero buscar nas minhas recordações os meus “primeiros dias de aula”, pois, por mais que o tempo passe, a possibilidade de aprender é o que me faz vibrar e me renovar como pessoa.

Eu devia ter uns três anos quando minha mãe teve a iniciativa de me matricular na escola (nesta época chama-se “Pró-escola”), mas foi uma iniciativa sem sucesso. Assim como outras crianças nesta idade, não me adaptei.

Os aluninhos eram maiores (tinham provavelmente 5 anos), a professora não se mostrou muito acolhedora e para tornar pior a situação, me derrubaram do gira-gira (até hoje tenho pavor deste brinquedo!). Chorei, relutei e consegui adiar este momento na minha infância. Queria nesta época continuar explorando o quintal da minha casa e saber que minha mãe estava ali, pertinho caso precisasse.

 
Eis o culpado!

Com 5 anos, me recordo que era um dia chuvoso e minha mãe disse: “Vamos, se apronte, que hoje é dia de fazer sua matrícula, no próximo ano você vai à escola”. E lá fui eu entediada, com a minha mãe na pré-escola do bairro.

Fui surpreendida: lembro de todos os detalhes do momento: do cheirinho de merenda, das crianças todas uniformizadas com a camiseta de “solzinho”, dos desenhos pendurados em prendedores decorando a sala de aula, dos alfabetos em cartolina e das cadeirinhas pequenininhas – era o mundo perfeito! Aquilo me encantou tanto que fui embora inconformada de ter que esperar dois meses para estar ali novamente.

 
Foto apenas para inspirar, pois na época as salas de aula não eram tão coloridas 

Algumas semanas se passaram e logo chegou meu dia. Tínhamos uma vida muito simples, mas me lembro de todos os preparativos da minha mãe: comprou uma bolsinha de plástico transparente com alças vermelhas e um estojinho de madeira que vendia no empório, que guardava um lápis, uma borracha e canetas BIC azul e vermelha.

 
Meu estojo era mais simples e menor, mas era deste modelinho

 
Iniciei a pré-escola já sabendo ver horas, escrever meu nome completo, o nome dos meus pais e muitos dissílabos. Também gostava muito de desenhar. A pré-escola talvez seja a melhor época de nossas vidas, tenho apenas boas recordações deste período.

Posteriormente, veio o primeiro ano com a oportunidade de aprender a ler, o segundo ano em uma nova escola, a oitava série já dividindo as responsabilidades com o trabalho (comecei a trabalhar com 13 anos de idade). Com a conclusão do ensino médio, como já trabalhava comecei a estudar em escola particular.

Fiz minha faculdade e agora estou fazendo minha segunda pós graduação. Definitivamente, depois deste este dia narrado acima, não consigo ficar muito tempo longe da sala de aula. Os cenários mudaram e os desafios são outros, mas sempre sinto o mesmo fascínio pelo ambiente escolar.

Esta vontade de aprender acredito eu, que foi fruto dos estímulos do meu pai e de vários professores que foram deixando seu legado. Enfim, concluo este post com uma frase que meu professor de gestão de equipe deixou na sala de aula como reflexão: Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende – o autor da frase, creio eu que seja Leonardo Da Vinci.
 
Bom domingo!