Um dos motivos que me estimulam a
escrever no blog, é a possibilidade de resgatar memórias afetivas da minha
infância. Antes de descrever que retornei à sala de aula em mais um desafio
acadêmico, quero buscar nas minhas recordações os meus “primeiros dias de
aula”, pois, por mais que o tempo passe, a possibilidade de aprender é o que me
faz vibrar e me renovar como pessoa.
Eu devia ter uns três anos quando
minha mãe teve a iniciativa de me matricular na escola (nesta época chama-se “Pró-escola”),
mas foi uma iniciativa sem sucesso. Assim como outras crianças nesta idade, não
me adaptei.
Os aluninhos eram maiores (tinham
provavelmente 5 anos), a professora não se mostrou muito acolhedora e para tornar
pior a situação, me derrubaram do gira-gira (até hoje tenho pavor deste
brinquedo!). Chorei, relutei e consegui adiar este momento na minha infância.
Queria nesta época continuar explorando o quintal da minha casa e saber que
minha mãe estava ali, pertinho caso precisasse.
Eis o culpado!
Com 5 anos, me recordo que era um
dia chuvoso e minha mãe disse: “Vamos, se apronte, que hoje é dia de fazer sua
matrícula, no próximo ano você vai à escola”. E lá fui eu entediada, com a
minha mãe na pré-escola do bairro.
Fui surpreendida: lembro de todos
os detalhes do momento: do cheirinho de merenda, das crianças todas
uniformizadas com a camiseta de “solzinho”, dos desenhos pendurados em
prendedores decorando a sala de aula, dos alfabetos em cartolina e das
cadeirinhas pequenininhas – era o mundo perfeito! Aquilo me encantou tanto que
fui embora inconformada de ter que esperar dois meses para estar ali novamente.
Foto apenas para inspirar, pois na época as salas de aula não eram tão coloridas
Algumas semanas se passaram e
logo chegou meu dia. Tínhamos uma vida muito simples, mas me lembro de todos os
preparativos da minha mãe: comprou uma bolsinha de plástico transparente com
alças vermelhas e um estojinho de madeira que vendia no empório, que guardava um
lápis, uma borracha e canetas BIC azul e vermelha.
Meu estojo era mais simples e menor, mas era deste modelinho
Iniciei a pré-escola já sabendo
ver horas, escrever meu nome completo, o nome dos meus pais e muitos
dissílabos. Também gostava muito de desenhar. A pré-escola talvez seja a melhor
época de nossas vidas, tenho apenas boas recordações deste período.
Posteriormente, veio o primeiro
ano com a oportunidade de aprender a ler, o segundo ano em uma nova escola, a
oitava série já dividindo as responsabilidades com o trabalho (comecei a
trabalhar com 13 anos de idade). Com a conclusão do ensino médio, como já
trabalhava comecei a estudar em escola particular.
Fiz minha faculdade e agora estou
fazendo minha segunda pós graduação. Definitivamente, depois deste este dia
narrado acima, não consigo ficar muito tempo longe da sala de aula. Os cenários
mudaram e os desafios são outros, mas sempre sinto o mesmo fascínio pelo
ambiente escolar.
Esta vontade de aprender acredito
eu, que foi fruto dos estímulos do meu pai e de vários professores que foram
deixando seu legado. Enfim, concluo este post com uma frase que meu professor
de gestão de equipe deixou na sala de aula como reflexão: Aprender é a única coisa de que a
mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende – o autor da frase,
creio eu que seja Leonardo Da Vinci.
Bom domingo!